
XC ANOS

M E M O R I A L

CARNEIRO VIANA
1917

2004
José de Alencar Carneiro Viana nasceu no dia 18 de junho de 1917, numa zona rural denominada Barra, na cidade de Ubá, filho de Alencar Carneiro Viana e Adelaide Carneiro Viana.
Como relata em seu último livro, denominado Revolução Cultural Brasileira, Viana viveu na zona rural até por volta de seus cinco anos de idade. Em uma infância simples, recursos como acesso à saúde e saneamento básico eram utopia. A alimentação também era bastante modesta, com pouca variedade de gêneros e ausência de proteínas, cuja principal fonte era o feijão. Certamente por esses motivos, as doenças eram mais presentes, o que fez de Viana uma criança de saúde frágil, e com risco de morte várias vezes, e quase todas as comidas lhe faziam mal.
Entretanto, mesmo vivendo em uma zona rural pouco desenvolvida, a condição de sua mãe, como filha de fazendeiro, vislumbrou mais possibilidades, e embora não tivesse frequentado escola, ela foi alfabetizada pelas irmãs. Assim sendo, Adelaide acreditava que a única saída para melhorar a qualidade de vida era através do estudo, o que fez com que ela insistisse que seu filho deveria frequentar a escola.

Com essa forte convicção, eles tomaram a decisão de deixar o distrito da Barra para um local que oferecesse maiores oportu-nidades de aprendizado. Os pais de Viana mudaram-se para a entrada da cidade de Ubá. Viana frisa que, caso tal decisão não tivesse sido tomada, era certo que ele não teria tido a carreira brilhante que conhecemos.
Em 1923, a família de Viana mudou-se para Viçosa, onde estudou no Grupo Escolar Vaz de Melo. Com saudades da terra natal, Alencar e Adelaide decidiram retornar para Ubá, onde Viana estudou na Escola Sagrado Coração de Jesus.
Foto: Acervo Cememor
Posteriormente, Viana voltaria para Viçosa, para estudar na Escola Superior de Agricultura e Veterinária (ESAV). Em 1928, Viana ingressou no Ginásio São José, terminando o curso em 1934. Para a época, um aluno com poucas condições terminar o ginasial, que hoje corresponde ao ensino médio, era um acontecimento extraordinário. Ainda assim, Viana almejava mais, contudo, mais uma vez a condição socioeconômica falava mais alto: não pôde cursar Medicina, pois lhe faltavam recursos.
Viana procurara outros caminhos: em 1935, começou a trabalhar como auxiliar de escrevente em um cartório em Ubá. Por sugestão de uma tia, Amelita, Viana bateu às portas da ESAV, conversando com o diretor, o engenheiro João Carlos Belo Lisboa, alegando não possuir recursos, mas uma “vontade férrea” de estudar, ao que recebeu uma resposta positiva do diretor. Interessante lembrar que Viana foi relutante às primeiras sugestões de sua tia Amelita, alegando que não teria feito o ginasial para se tornar “plantador de batatas ou médico de boi”. Em 1936, Viana ingressou no curso de medicina veterinária na ESAV, e se graduou no ano de 1939.
Em 1940, Viana foi designado como veterinário da Secretaria da Agricultura, em Ubá, mas no ano seguinte, 1941, houve concurso para veterinários, no qual Viana, tendo estudado muito, passou em primeiro lugar. No mês de abril de 1943, pela boa colocação, Viana foi designado chefe do Serviço da Produção Animal, e transferido para Belo Horizonte. No mesmo ano, Viana recebeu um convite do professor Geraldo Gonçalves Carneiro, então diretor da Escola Superior de

Foto: Acervo Cememor
Agricultura de Viçosa, para lecionar no Departamento de Zootecnia. Tomando posse no Serviço da Produção Animal, por conta do que descreve como uma atualização da Escola de Veterinária, Viana tornou-se, também, membro do corpo docente da Escola, recém transferida para Belo Horizonte.
Viana obteve seu título de master of Science pela Iowa State University, permanecendo lá pelo período de um ano. Além disso, passou um período de seis meses, no ano de 1964, na Purdue University. Ao retornar dos Estados Unidos, foi designado diretor do Instituto de Experimentação e Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais. Posteriormente, foi convidado pelo governador para assumir a Secretaria da Agricultura. Depois disso, foi designado pelo então reitor da UFMG, Aluísio Pimenta, como primeiro diretor executivo da UFMG. Foi nomeado diretor da Escola de Veterinária pelo período de 1967 a 1971. Embora enfrentando diversos desafios impostos pelo regime militar, Viana foi um diretor de grande destaque. Os grandes marcos de sua gestão são a criação da Pós- graduação e a transferência da sede da escola da Gameleira para o Campus Pampulha.
Por seu grande destaque na medicina veterinária, alcançando grandes êxitos em suas pesquisas, nas comemorações dos 60 anos da Escola, recebeu o título de professor emérito, em 27 de Abril de 1992. Faleceu no dia 14 de agosto de 2004.
José de Alencar Carneiro Viana teve uma vida intelectual muito profícua, tendo publicado inúmeros trabalhos técnicos e orientado outros tantos. Sua contínua dedicação à Medicina Veterinária fez com que ele nos deixasse sólidos estudos para a área de nutrição animal, mas não só. Suas publicações e pesquisas visavam, em maior ou menor grau, ajudar o homem do campo a resolver seus desafios mais cotidianos, tendo sempre como objetivo maior a garantia do desenvolvimento nacional. É nesse sentido que ele lançou as suas obras de análise social e política, das quais se destacam O Terceiro Mundo não é assim: está assim! (lançado em 1999) e Revolução Cultural Brasileira (lançado em 2004). Ambas as obras foram lançadas com apoio da FEP MVZ.
O Terceiro Mundo não é assim: está assim! é uma análise detalhada dos fatores que influenciam o desenvolvimento de um país. O livro é fruto de pelo menos uma década de pesquisa e compara o Brasil a outros países subdesenvolvidos e a países do Primeiro Mundo. Cinco anos mais tarde, o professor lança o livro Revolução Cultural Brasileira, mais focado na comparação do Brasil com os Estados Unidos. Nessa obra, o autor continua sua empreitada de analisar os principais fatores naturais e sociais dos países, mas, dessa vez, com um tom muito mais pessoal e biográfico. Não é à toa que ele centra sua comparação nos estados de Minas Gerais e Iowa. Este último foi onde ele fez seu mestrado, o primeiro, onde dedicou uma vida inteira de trabalho e pesquisa.
Fontes: Texto construído sob adaptações do livro Revolução Cultural Brasileira
Dr. Angelo Viana conta sobre seu pai Carneiro Viana

Escola de Veterinária inaugura laboratório pioneiro em calorimetria em homenagem ao professor Carneiro Viana
O nome do laboratório homenageia o professor José de Alencar Carneiro Viana, um dos fundadores e professor titular da Escola de Veterinária da UFMG. O pesquisador que faleceu em 14 de agosto de 2004, recebeu o título de professor emérito em 1992.
Carneiro Viana publica seu último livro “Revolução Cultural Brasileira” (2004)
Antes de seu falecimento, Viana publicou seu segundo e último livro. Em "Revolução Cultural Brasileira" ele busca analisar as principais diferenças culturais entre o Brasil e os Estados Unidos, sempre dentro do sentido que a palavra cultura tem em seu conceito antropológico.
Prof. Viana publica o livro “O Terceiro Mundo não é assim, está assim” (1999)
Em O Terceiro Mundo não é assim, está assim, Viana faz um breve paralelo entre as sociedades brasileira e americana e apresenta possíveis soluções que melhorariam, segundo ele, as condições socioeconômicas do Brasil. É importante lembrar que Viana coloca em suas soluções de melhoria ferramentas relacionadas ao ensino e à pesquisa.

